Vasco

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PUBLICIDADE NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - CORRIDA POR ANÚNCIOS


Esperando a Copa-66
Antes da Copa
 do Mundo-1950
 Ao longo da história gráfica brasileira dezenas de revistas esportivas chegaram ao mercado de quase todas as partes do país. Mas poucas demoraram muito tempo nas bancas. Sem estrutura, planejamento e pesquisa de mercado (isso é coisa mais recente), a sobrevivência fica difícil. O que deduz-se por um estudo dessas revistas é que, quase sempre, um aventureiro lançava-se à empreitada só com a cara e a coragem. É de se crer, também, que os contatos publicitários não tivessem nível cultural suficiente para convencer um cliente. O que se dizer de uma revista com Pelé na capa vendendo poucos anúncios? Certamente, não se explorou o detalhe, pela falta de dados sobre o “Rei do Futebol”, por parte do contato, ou de não haver concatenação entre o departamento publicitário e a redação.
Um ano depois
da Copa-1966 
Interior gaúcho-1953
 Não há como negar: a capa vende. No mínimo, faz o leitor examiná-la e pensar se leva a revista. Quem não pararia para examinar a do Nº 46, da Hig Sport, de 1969? Confira o desenho artístico. Um outro bom vendedor é a mulher sexy. As primeiras revistas esportivas brasileiras eram muito conservadoras, por conta do moralismo da época, e pouco divulgaram as atletas em capas, assim mesmo, bem circunspectas – saíram mais em contracapas e no miolo. A Manchete Esportiva, na década-1950, trouxe-as mais despidas, mas não explorou isso publicitariamente, como o fez Placar já perto do final do século 20. Enfim, com ou sem estes detalhes, não há como negar: falta de anúncios é causa dos três itens citados nos primeiros parágrafos, a julgar pelo que se vê nas grandes revistas antigas, como O Cruzeiro e Manchete, principalmente.
Belo Horizonte-1964
Pelé na Foto Esporte
CONFORME JÁ LEMOS, a Revista do Esporte vendia poucos anúncios, porque tinha a irmã Revista do Rádio – segunda vendedora avulsa nacional, durante três décadas – segurando-a. O mesmo ocorria com O Globo Sportivo e a Manchete Esportiva. Seus proprietários, respectivamente, Roberto Marinho e  Adolpho Bloch, tinham grandes suportes para elas em sujas empresas. Já a paulistana A Gazeta Esportiva corri atrás, com vontade. Um outro  bom exemplo de corrida acirrada atrás do anunciante foi a mineira Foto Esporte.  Em tamanho desconfortável para o leitor – 32,50 x 23 cm –, toda em preto e branco e com fotografias de qualidade aquém do desejável, vendeu 14 anúncios para o seu primeiro número, de julho de 1964, quando ainda não havia ainda e euforia pela nova era surgida no futebol das alterosas com a inauguração do Mineirão – Agência Silvauto (automóveis); Andorauto (assistência técnica para Simca); Orion (massas alimentícias); Propac (revendedor do Vulcapiso); Mesbla (grande loja já extinta e que atuava em vários setores, divulgando a sua auto oficina mecânica); Banco Moreira Salles; Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais; Bemoreira (loja de varejo em três Estados); Eletro Carimbos; Divinal (maçanetas par levantar vidros); Café Palhares, que batizou-se, simpaticamente, por “Quartel General dos Esportes”; São Bernardo (lançamentos e incorporações); Sabel (vendas de Simca) e H.Coscarelli (venda de óculos).

ALÉM DESSES, ainda houve anúncios do  Jornal do Automóvel (suplemento do jornal Diário de Minas) e de O Debate (jornal esportivo mineiro), o que pode ter sido permuta, e um outro de Eraldo (desenhos comerciais e publicitários), que pode ter sido cortesia da casa, de vez que o dono do nome era, também, chargista da revista, produzindo “Eraldo nos esportes”. Portanto, 17 recados, o que significa ter tirado a bunda da cadeira e corrido atrás.
Foto Esporte
 Se mineiro trabalha em silêncio,  “Foto Esporte” tentou comprovar. Quinze números depois, mantendo o mesmo padrão, voltou às bancas com os 17 anúncios, em sua segunda temporada. Daquela vez, mais focada na Copla do Mundo-1966, na Inglaterra –Banco Mineiro do Oeste; Astrobel (colchões de mola); Monark (bicicleta, com Pelé garoto-propaganda); Novatração de Minas Gerais (reparos e reformas de pneus de máquinas e tratores); Distribuidora Hudson (lubrificantes, graxas, fluidos par freios, detergentes, estopas para carros);  ADEMG (agência estatal administradora do estádio Mineirão); Recapagem Minas gerais (pneus e câmaras); Brama Extra (bebida); Academia de Danças Rodolfo Levi; O Debate; Irmãos Machado (investimentos, exportação, importação e títulos); Itambé (divulgando doce de leite); Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (desejando sucesso ao mineiro  Tostão e ao escrete brasileiro na Copa do Mundo-1966); Loteria de Minas Gerais; Atuo Mecânica Lambertucci; Prefeitura de Belo Horizonte e Sprotball (bola de futebol) prestigiaram a edição. Se comparado com a quantidade de espaços vendidos na mesma época pelas cariocas Revistas do Esporte e Futebol e Outros Esportes, estes levaram um “vareio de bola”. Isto é, de anúncios.
 
NADA DE NOVO. Entre março e abril de 1950, vésperas da primeira  Copa do Mundo no Brasil, a carioca  revista “Goal!!!”,  com o numero sete totalmente sobre o evento, só vendeu quatro recados em 32 páginas –  Cafiaspirina; A Equitativa (seguros de vida);) Madalena (comércio de papel) e Eno (sal de frutas), este aparecendo duas vezes. Na segunda, podendo ter sido o chamado “calhau”, na linguagem de redação o anúncio que cobre o espaço para onde não se tem texto.
Com os contatos publicitários cariocas devagar, mergulhemos no mapa e no tempo. Adiantemos três temporadas.  Em setembro de 1953, quando a gaúcha Revista dos Esportes, da cidade de Pelotas, chegava ao número 55, em um mercado infinitamente menor do que o do Rio de Janeiro, a publicação circulava com 37 anúncios –  Bolinder´s (trastr); Cimer (importadora agrícola); Oficina Técnica Fonseca (maquinaria agrícola); Mesbla (loja de produtos variados); Casa Krentfh e Casa Americana (artigos esportivos); Pelotense (reformadora de pneus Tyresoles); Peitoral de Angico Pelotense  e Faycal (remédios contra tosse); Drogaria Unicum; Bazar Edison; Casa Champion( baterias Heliar); Garage do Centro (estadias, oficinas, equipamentos);  (VARIG (viação aérea); Rubens Cosa Vitório (oferecimento de consertos de relógios, calculadoras, máquinas de escrever, etc e reformas); CH Nogueira (vendas de terrenos); Tipografia Arauto;  Círculo Operário Pelotense; Cerâmica São Jeronimo; Cerâmica Pelotense; Cine Pelotas (empresa com três salas projetoras na cidade); João F. Pires de Lima (representante de firma Barcelos & Frank,  arquiteto, construção em geral); Cooperativa de Laticínios Pelotense; Tabacaria (divulgando os cigarros Douradinho Extra, Misturas Fina, Columbia, Piccadilly, Cairo, Luiz XV, Albaniz, Finesse, Lincoln e Beverly); Audácia (cigarro do fumo Virginia); Café Lamego; Alfaiataria Vargas;  Jardim (pinturas em prédios, caiações, letreiros, desenhos); Banco Industiral e Comercial do Sul; Agência Jacaré (Bicicletas); Casa Sedutora (calçados); Sayão & Gomes (representante de Bom Bril); Agripino L. Alencastro (leiloeiro oficial); Jockey Club de Pelotas; Joaquim Oliveira (fabricante de adubos) e Ferragem Carvalhal (divulgando os Encerados Locomotiva).
Para uma revista interiorana, dedicada ao esporte da terra e com pouquíssimas visitas ao futebol nacional, com fotografia de qualidade fraca e a capa em sécia, era uma demonstração de que os buscadores de anúncios se viravam.
De um extremo ao outro, em Manaus-1967, após o insucesso do Brasil na Copa do Mundo-1966, época em que o Amazonas ainda ficava “longe do mundo”, a “Esporte em Revista” vendia mais anúncios do que as cariocas citadas acima. Embora fosse de impressão nada boa e sem padrão editorial, misturando todo o tipo de informação – o material dos principais centros do futebol brasileiro era fornecido pela agência noticiosa Sport Press – seu sétimo número, por exemplo, circulou com nove visitas  – Bazar Esporte e Bazar Costantinópolis (lojas esportivas); Drogaria Haddad; Lojas Boliche (elegância masculina); Antarctica; Selvatur (aluguel de apartamentos para turistas no Rio de Janeiro); Loja Cearense (tecidos e produtos das Zona franca de Manaus, como rádios, eletrolas gravadores, etc) e Depro e Avianca (elegendo a Garota Turismo-1967).
 Há ainda um anuncio da PRH-4, Rádio Cultura, que pode ter sido permuta.  Portanto, ou corre atrás, ou fica parado. Com revista esportiva sempre foi e será assim.              

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