A moda atual leva jogadores e torcedores a usarem os mais diferentes cortes e pinturas em seus cabelos. Antigamente, nem sonhar! O máximo que se fazia era usar produtos para melhorar o penteado, como o Tônico Iracema, que prometia aos leitores da Revista do Esporte o milagre de rejuvenescer os fios brancos ou grisalhos, restituindo a cor natural primitiva, deixando-os lisos e brilhantes. Isso, além de deter as quedas e eliminar as caspas.
Talvez, o redator do anúncio não tivesse se ligado muito no recado. O produto, certamente, não deveria ser usado por quem não tivesse cabelos lisos. Confere? Que desperdício! Ainda mais quando havia duas opções à venda: o “rótulo verde... para caspas! e o rótulo preto...para cabelos brancos!”
Usado o “novo tônico Iracema”, as madeixas do
consumidor poderiam ser bem tratadas pelo pente Flamengo. Ele ‘é pra cabeça!”,
garantia uma sorridente bola, com olhos e boca, em nome da Companhia Carioca de
Indústrias Plásticas, por um anúncio rubro-negro, exibindo o produto em preto e
o fundo em sépia avermelhada.
Não dava para criticar o anunciante dizer que o
pente era “pra cabeça”. Seria preocupante se fosse para os joelhos, digamos.
Mas, “pra cabeça”, era gíria de momento. Quem discordasse, poderia criticar, reclamar
nas ruas Senador Alencar, no Rio de Janeiro, e na 7 de Abril, em São Paulo.
Very good! Enquanto cuidava-se da aparência
pessoal, tranquilamente, podia-se deixar o tempo passar ouvindo música, não é
mesmo? Ainda mais na década-1960, tão musical. Sugestão: “o máximo em
ié...ié..ié”, o ritmo dominante da época, pelo “novo som exclusivo Multisound”,
a brasa mandada pelas bandas The Beggars e The Blackstones, que faziam, realmente,
ser “sensacional a nova coleção Jovem
Brasa, em três magníficos discos de 12 LP (longa duração) gravados por dois espetaculares
conjuntos, premiados em emissoras de rádio e TV e em vários clubes do Rio de
Janeiro”.
Arrumado o visual, na hora de “sair pra matar”,
nada melhor do que se prevenir com Biosex, geleia real que prometia “força
total”. Como ainda não havia o Viagra, o consumidor usaria um produto “superpotencializado,
restaurador das forças vitais”, garantia a paulista S/C Dermocaína, que aceitava
cheque ou vale postal de quem não o encontrasse nas drogarias e farmácias de
sua cidade.
A Revista do Esporte, sem prestar atenção nas
boas intenções do Biosex, as vezes, o divulgava ao lado de publicidade de bebidas
incompatíveis com as terceiras intenções do cidadão que saia a badalar. Departamento
comercial e diagramador não queriam nem saber. Sapecavam o anúncio na mesma
coluna em que estavam o conhaque Don Pedro II, o “refinado licor de anis Madrid”
e “genuína aguardente de cana Paca”, produtos da carioca Indústria de Bebida Madrid.
Esta firma tinha o bom senso de contratar agência
publicitária que produzia rótulos criativos
para garrafas, bem como textos. Para a caninha Paca, por exemplo, fez propagada
contendo (em desenho) a indisfarçável cara de um bebum praticando “halterocopismo” e denunciando-se: “Tô bebendo
Paca”. Nota 10. Bebendo paca era uma gíria da época, significando fazer algo em
demasia.
Então? O comendador não era fácil. Misturava o
que rolasse e fazia a cabeça do consumidor. Mas mostrava-lhe, também, o caminho
das pedras, como veremos nos anúncios sobre cursos profissinalizantes. Aguarde.
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