Vasco

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

MEMÓRIA DA PROPAGANDA NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - EDIÇÕES Nº 1

   Na década-1990, a paulista TV Bandeirante, em rede nacional,  colocava no ar, aos domingos, um programa que ia do meio-dia às 20 horas. Um nome de peso como Luciano do Valle, considerado o melhor narrador esportivo do país, pesava muito para a audiência decolar, mas o que mais contribuía para isso era a variedade de assuntos enfocados. Trazia de tudo, inclusive, transmissões ao vivo de competições de muitas modalidades, entre elas norte-americana Fórmula Indy.  
que a audiência era boa, a Mondelo Editora encomendou o projeto gráfico de uma revista a Cyro del Nero e, em outubro de 1998, o primeiro número chegou às bancas trazendo na capa o pugilista peso pesado Adílson “Maguila”, em quem a TV apostava muitíssimo, transmitindo todas as suas lutas e criando a expectativa de vê-lo disputando o título mundial da mais importante entidade controladora do box. A edição circulou com 100 páginas coloridas, em papel de primeira qualidade, e vendeu bem para uma estreante – 14 anúncios, sendo dois de duas folhas – Topper, divulgando o tênis “jogger distance”, apresentado como “o ultraleve para você voar aqui embaixo”, e Kipauto, revendedora nacional de produtos para automóveis, fazendo questão de avisar que estava “há 25 anos tornando os carros mais charmosos”.
 
SÓ UMA - As peças publicitárias de apenas uma página inseridas na revistas estiveram bem colocadas, quase todas tendo algo a ver ou procurando associar a sua imagem ao esporte. Vejamos: 1 - Rainha, com a foto de uma tenista em ação e anunciando saiotes, camisas e tênis (calçados), sob o slogan “qualidade que dá mais classe ao tênis (modalidade)”; 2 - Caixa Econômica do Estado de São Paulo, sugerindo proteger seu dinheiro “contra a praga da inflação; 3 – Yamaha XT 600 Ténéré (com três acentos mesmo), moto que o fabricante associava ao camelo, animal perfeito (embora inadequado para certos usos do homem), garantindo tecnologia criadora de emoções; 3 – Phillilps, afirmando que o aparelho de som Doble Sound Machine ultrapassava limites; 4 – Filtro Cogan, para automóveis; 5 – Pilha Duracel; 6 - Loja DPaschoal, oferecendo o pneu Eagle NCT da Goodyar, por um anuncio veiculando clima de vitória em corrida automobilística e com a inclusão na foto da peça de figuras que a TV tornou muito familiares pelos comerciais; 6 – Bliss, Yopa (Nestlé), Raínha e Aveia Quaker reunidos em um mesmo anúncio, divulgando o Campeonato Aeróbica Brasil, com fotos de Maria Renato Azevedo, Sérgio Simphronio e de Partrícia Marques Lobato na prática; 7 – Cartão de crédito Credicard; 8 – VASP, empresa aérea desativada, associando o anúncio ao tênis e declarando-se promovedora e patrocinadora  do esporte; 9 – Delphin Hotel Guarujá; 10 – Biscoitos Salclic e Vitacraker, da Nestlé, “bom gosto a qualquer momento”; 11 - Brasilit, vendedora de produtos para a construção civil e de equipamentos e sistemas de irrigação, e 12 – Banespa, desativado banco estadual paulista, associando imagem ao voleibol.

LONGE DO GOL -  O bom número de anúncios da primeira edição deu para animar, mas a revista não acompanhou o êxito do programa televisivo. Não tinha um visual alegre como “Placar”, abusava de textos enormes e não usava intertítulos e o chamado “olho” (frases destacadas) que revistas como “Veja” e “Playboy” adotavam dentro de entrevistas longas, para dar mais leveza ao espaço. Além disso, oferecia muito esporte elitista proibitivo ao leitor de baixo poder aquisitivo. Uma coisa é assistir  lances de tênis por uma matéria na TV, mas deparar-se com oito páginas sobre isso em uma revista só mesmo para o elitista praticante da modalidade. Mais do que isso, o primeiro número trouxe 10 páginas com o golfe e oito cm o turfe. Futebol, a paixão do povão, teve só duas chamada “matérias frias”: uma louvação (escrita pelo jornalista Flávio Prado) ao treinador holandês Rinnus Michel e um artigo (do fisicultor Júlio Mazzei) enfocando o legado deixado por Pelé (a quem o profissional acompanhou) nos Estados Unidos. Não emplacou a revista, que não chegou a escalar um time de números (11).   
Show  do Esporte foi marcada, também, por capas feias, algumas escuras, não passando emoção e nem a criatividade de Manchete Esportiva, que trazia belas fotos de lances de jogos de futebol. A Revista do Esporte também fez isso em sua fase final, a partir da numeração iniciada em 500. Até as mais antigas Esporte Ilustrado e Globo Sportivo agradaram mais as vistas dos leitores nesse quesito. Se bem que patrocinador não liga muito para isso.
 Pode-se considerar a capa com Maguila bem colocada. Fora isso, só uma com a sorridente voleira Isabel vestida de japonesa mereceu aplausos, o que não se deu para a número 2, com o "Papai Noel Pelé" na capa. Para o torcedor, Pelé vai estar sempre associado à pelota. Por sinal, filosofou o cronista Armando Nogueiras: "Se não tivesse nascido jogador de futebol, Pelé teria nascido bola".         

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