O número 1 combina com Pelé |
Ser muito mais do
que mais uma publicação esportiva, marcando a sua chegada ao mercado brasileiro
como revista ligado à cultura do esporte, abordando “temas muito mais amplos do
que simplesmente um jogo de futebol”, foi a filosofia que fez a revista ESPN se
instalar por aqui.
Inicialmente
desenvolvida por parte da equipe responsável pela Trivela, que lançara a sua última edição em setembro de 2009,
dois meses depois ela chegou às bancas
de revistas com as suas proposições sobre comportamento, estilo de vida, dicas
de saúde, perfis de personalidades de destaque, bastidores do setor esportivo,
cultura e destinos, o que já não era mais novidade por aqui, com muitos desses
temas já abordados desde os tempos das Manchete Esportiva, na década-1950, da Revista
do Esporte, na décdfa-1960 e, principalmente, por “Placar”. Sem escapar da imutável
fórmula de oferecer ao leitor crônicas, charges, humor, agenda esportiva
colunas assinadas por jornalistas muito conhecidos na
tela da TV a cabo da casa, como Paulo Vinícius Coelho, José Trajano e Mauro
Cezar Pereira, e acrescentou “games” em suas edições, o que era uma tentativa
de ganhar o mercado dos adolescentes.
Aline Moraes detonando |
A edição brasileira seguiu o projeto gráfico
da xará norte-americana, “ESPN The Magazine”, que dizia ter mais de 14 milhões de leitores, e o
departamento comercial trabalhou a todo o vapor, colocando nas 88 páginas do
número 1 – com Pelé na capa – 14 anúncios, vários de página dupla coloridas no tamanho
12,5 x 9 cm – Fiat e Chevrolet (automóveis), Suzuki (motos), Nike (material esportivo),
Banco Santander, Rexona, Gillette e Bozzano (higiene pessoal), Visa (cartão de crédito), Telefônica, Club A (hotéis),
Rolling Stone e América Economia (revistas) e Johnnie Walker (uísque) – além de
alguns anúncios da casa.
Falcão do futsal exorbitando |
O quinto número da revista ESPV, com 100 páginas,
já teve queda de anunciantes – Bozzano, Everlast e Athleta (marca de material
esportivo), Rexona, Prefeitura de São Paulo e BandSports (divulgando a Fórmula
Indy), RollingStone e América Economia (revistas), Antarctica (bebidas) e Nestlé
(nutritivos). Um detalha contribuiu para isso: não trazia o futebol brasileiro
como era escancarado pela Manchete Esportiva, farta de fotos e times posados.
Não dava tesão ao apaixonado torcedor do Flamengo, dono da maior torcida do
planeta ver , por exemplo, fotos cortadas de ídolos goleadores imersos por um grande
brancão ao fundo. Muito menos seduzia os “brasucas” esportes como futebol norte-americano, que poucos entendiam,
beisebol, vela, surf e Fórmula Indy, que não pegou por aqui como a Fórmula-1.
Por sinal, nesse caso automobilístico, o três vezes campeão da F-1, Nélson Piauet,
observou: “Torcedor brasileiro só gosta disso quando um piloto brasileiro está
vencendo”. E na F-Indy eram raras ou
nenhuma as emoções proporcionadas pelos patrícios à época de circulação da
revista.
O nº 10, em agosto
de 2010, seguiu centenária em páginas e com o número de peças publicitárias
ainda mais reduzidas – Très Marchand e Clearmen (higiene pessoal), Everlast,
Bauduco (comestíveis), Fundação Gol de Letra (assistência social), Destak (jornal)
e Calminex (contra dor muscular). Esta edição exprimiu o clima norte-americano de
cultuar o basquete, colocando na capa três atletas brasileiros que atuavam por
times da NBA – Nenê, Leandrinho e Verejão. Seria algo válido para os Estados Unidos,
onde a força da modalidade é grande. No Brasil, jamais as principais revistas
esportivas – Esporte Ilustrado, O Globo Sportivo, Manchete Esportiva, Revista
do Esporte, Gazeta Esportiva e Placar dos primeiros tempos – o fizeram. Nem com o basquete
norte-americano tendo jogos transmitidos pela TV brasileira, pois não seduziu em
demasia. Se assim o fosse, a TV Bandeirantes não o teria tirado do ar, tempos
depois de apostar na fórmula.
Último número. Quem são os caras? |
ESPN chegou à última edição em dezembro de 2012, com 38 visitas mensais às bancas. Trouxe uma
capa bonita do ponto de vista artístico (foto), mas nada que motivasse o torcedor
a compra-la, pela dificuldade de identificar os “capeiros”. A despedidas do
mercado brasileiro teve 84 páginas e nove
peças publicitárias – Nike, Penalty, Correios
(divulgando o Sedex), Le Monde diplomatique Brasil (jornal), Trivela (site
esportivo sobre futebol internacional), History, A&E e Bio, (canais televisivos) e Nivea (produtos para
higiene pessoal). Muito norte-americanizada para o gosto do
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