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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

MEMÓRIA DA PUBLICIDADE NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - SUPERNOVAS


Letras incomuns em  revistas esportivas
 Com data de julho/agosto de 2006, a paulista Editora Esfera mandou ao mercado uma proposta diferente de tudo o que já se pensara no campo das revistas esportivas. Impressa no papel da melhor qualidade, o couchê (revestido com carbonato de cálcio, caulim e látex, entre outros aditivos), o projeto gráfico de Huan Gomes e Everson Nazari (também o ilustrador) passava a impressão de que fora inspirada na arte dos grafiteiros. Inclusive, era até difícil decifrar títulos de matérias, pelo uso de fonte gráfica entre as famílias  Blackadder e Magneto. “Invicto”, foi o nome da revista.
 Com 98 páginas na primeira edição, embora tivesse cara gráfica de revistas consumidas por adolescentes amantes de skate e de roque barulhento, a proposta exigiu um bom nível cultural para o leitor que deparou-se, entre outros, com textos sobre treinamento técnico, tático, condicionamento físico, medicina, nutrição, marketing e lei. Da área “bem ligada” da galera, a “Invicto” não esqueceu de pauta sobre os “games”.
 De início ofereceu-se ao anunciante espaço tamanho 27,5 x 20,5cm, aceito por sete visitados – Puma; Honda; Realtex (protetores esportivos, como tornozeleiras, caneleiras e bermudas térmicas anatômicas); Greenpeace (organização não governamental internacional defensora da natureza); Transpirando Arte (design editorial, ilustração, broadcast); site Uol e a marca de tênis Kelme. Talvez, “Invicto” tivesse conseguido mais, se não oferecesse publicação tendente para o lado técnico. Temas tratados e citados acima já não eram novidade, bastante lidos ali na esquina. Manchete Esportiva, por exemplo, já trazia coluna para o desportista ler sobre a medicina desde a década-1950. Também jogou contra matérias sem visita ao futebol do dia a dia e muitos textos longos, sem intertítulos, os descansadores de vistas.

DOIS ANOS DEPOIS, quando a nona edição estava nas bancas, trazendo 116 páginas de muito boa leitura, “Invicto” já havia abandonado o “visual grafiteiro” e o nome do ilustrador Everson Nazari nem aparecia mais em seu expediente, substituído pelo produtor gráfico Giuliano Micheletti. Estava mais leve e sumido com fonte gráfica incomum. Agora, comunicava-se por letras entre Script MT Bold e Freestyile Script, rapidamente compreensíveis.
lustração tipo grafiteiro
 A edição priorizou histórias do futebol, os textos ganharam intertítulos e exibiu 11 anúncios para fabricantes de material esportivo Nike (duas presenças), Adidas, Umbro e Reebok; energético Gatodrade; aerossol antidor Biofenac; automóveis Nissan; televisores CCE; Cerveja Haineken e  Rádio BandNews FM.
Como se observa, anúncios bem colocados, ligados ao mundo do esporte, principalmente os seis primeiros. E concordemos que a cervejinha seria a camisa 12, pois o torcedor não a dispensa antes e depois do jogo, principalmente se o seu time vence, o que ele volta a comemorar via videoteipe e programas da TV, após ir e voltar do estádio em um carro confortável, ouvindo, pelo rádio, os comentários e entrevistas resultantes de uma permuta entre a emissora e a revistas, o que,  como já lemos, é coisa antiga.       
ENTRE O FINAL de novembro e o início de dezembro-2009, “Invicto” cresceu. Literalmente! Passou a ter o tamanho 34,5 x 26,5 cm, só tendo sido menor na história das revistas esportivas brasileiras do que “Placar” da fase “futebol, sexo e rock & roll”, que teve, por exemplo, o número 1.111, uma edição pôster de campeões-1995, lançado em janeiro de 1996, medindo 36 x 28 cm. A Editora Esfera experimentou um tamanho em que o “reclame” dos seus anunciantes poderiam ter melhores visualizações, o foi entendido por sete anunciante do número 13: cerveja Itaipava;automóveis  motocicletas Honda; Bienal Parque do Ibirapuera-SP-2010; Consórcio Nacional Garinni (motos); ttk-SP (marketing esportivo promovendo a oitava edição da Futcup-2010, “maior competição intercolegial do Brasil, com 100 mil estudantes e cinco mil atletas”; TNT, energético, segundo o qual “após balada, jogador cobra escanteio, corre para cabecear e faz golaço”, e chuteira Predator X da Adidas, além de uma (possível) permuta com a Rádio Bandeirantes, promovendo o narrador esportivo José Silvério.
 “Invicto”, além de preservar a história do futebol, divulgava-se ecologicamente correta, sendo a “única revista impressa  em papel pólen, certificado pelo maior selo verde do planeta, Forest Stewardship Council”. Motivo de  parabéns, mas atitudes ecológica não comovem anunciantes, tanto que a revisa parou de circular pelo número 14, mesmo com o aporte de seis anúncios de página inteira do supermercado Extra, que entrou, ainda, como anunciante máster, por duas páginas divulgando o evento Universo Futebol, “o maior festival de futebol da América Latina”, proporcionando clínicas, palestras, mesas-redondas, mostras de cinema e literatura, exposição de arte e fotografia, ‘game zones’ e presença de grandes marcas”, no Parque do Ibirapuera, entre 15 e 18 de abril-2010.
A última edição da revista teve a presença, ainda, do Grupo Pão de Açúcar; Uol Futebol (site); Centauro (produtos esportivos, em duas folhas) e BandNews, o que pode ter sido uma nova permuta. Há, ainda, a divulgação do livro “Pelé 70” e de Universo Futebol, sem divulgadores, o que pode ter sido cortesia da casa. Que fecharia a porta na virada da última página.

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