Vasco

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A PUBLICIDADE NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - O MERCADO PORTUGUÊS

Semanária do empresário Roberto Marinho, a revista carioca “O Globo Sportivo” antecedeu a “Manchete Esportiva” na prática de não ligar muito para a cata de anúncios. Tinha um grande jornal por trás para segurá-la.
 Bem diversificada, visitando os mais diversos esportes e abrindo espaços para divulgar individualmente os atletas, a publicação apresentava grande potencial  para os anunciantes colocarem as suas peças publicitárias. Inclusive, trazia algo que o torcedor gostava muito, as historinhas em quadrinhos, as vezes até duas por edições, desenhadas por Vasquez e Otelo Caçador, e as cartas que chegavam dos mais diferentes pontos do país, indagando sobre fatos do futebol e que eram respondidas pela redação. Desperdiçava, porém, este dado, que seria uma boa informação para possíveis clientes.
  Comparadas com a Manchete Esportiva, que era moderníssima para a sua época, a revista de Roberto Marinho parecia muito antiga, com diagramação, as vezes, em uma, duas e três colunas largas, além  de texto muito grande, o que cansa o leitor. Também, em alguns casos, a qualidade das fotos era sofrível.
 Um bom exemplo do descaso pelo anunciante pode ser visto pelo Nº 634, do começo da década-1950, quando a revista chegava à sua 13ª temporada, o Vasco da Gama tinha o time mais forte do país, os seus jogadores estavam sempre saindo nas capas e em matérias internas, além de os comerciantes portugueses terem grande presença no mercado carioca. Por aquela edição que trazia o atacante vascaíno Djayr na primeira página, vangloriado como a “revelação de 1950”, só entraram dois anúncios pequenos: do médico Milton de Almeida, oferecendo diagnósticos, tratamento e cirurgias de ouvidos, nariz e garganta, e a pecinha que frequentou muito as páginas das revistas esportivas, do Juventude Alexandre, “insuperável contra queda dos cabelos e calvice precoce”.
 Uma terceira divulgação de produto na mesmas ediçã, da água sanitária Super-Globo, estava inserido, como anunciantes no programa humorístico de Silvino Neto, o “Clube das Camaradagem”, transmitido pela Rádio Globo-PRE 3, que valorizava o seu comunicador como “o humorista Nº 1”. E só.
 Mais adiante, pelo pela mesma temporada e pelo Nº 662, de 20 de outubro de 1951, com mais um atleta cruzmaltino na capa – Friaça –, a revista trouxe quatro anúncios – Grapette, refrigerante de uva, com desenhos de um rapaz e de uma moça, e a gracinha no texto  “Ivo vê a Eva; Eva vê a uva”; do polvilho antisséptico Granado, também com desenhos; da Gilette, em um colunão ocupando mais da metade de página e o desenho humorístico de um sujeito cantando serenata e a homenageada atirando um prato na cabeça dele. A mensagem era inteligente: “Se a cosias está preta para ele” dizia que ficaria “tudo azul para os que usam Gilette Azul”. E agora colocava o desenho do cantor feliz ao lado da paquerada, com o texto fazendo alusão a um programa radiofônico de calouros, e o constante Juventude Alexandre que vinha anunciando-se desde os tempos da revista  Esporte Ilustrado.  
 Mais um exemplo da pouca venda de núncios numa época em que o comerciante portugueses gastava muito dinheiro devido a sua paixão pelo Vasco da Gama foi o Nº 687, de 19 de abril de 1952, quando o clube ainda tinha nos trilhos o “Expresso da Vitória”. Trazendo o atacante Jansen na capa, a revista vendeu apenas cinco anúncios, nenhum aos portugueses – Charles Atlas, tônico muscular; Granado e Juventude Alexandre, e Grapette, já citados; Vitalis, tônico capilar e Brama Chopp, “um prazer incomparável!”, esta anunciando-se por uma página inteira.
 Assim, na fase do melhor time que o futebol brasileiro havia montado, com comerciantes portugueses de cofre cheio, jogou-se fora um bom mercado publicitário.    

         

 

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