Vasco

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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

MEMÓRIA DA PUBLICIDADE NAS REVISTAS ESPORTIVAS BRASILEIRAS - AS NUMERO 1

  Em março de 1970, quando o desportistas ressentia-se da falta de uma boa revista esportiva de circulação nacional, chegou “Placar”, da Editora Abril. Das duas últimas publicações esportivas de circulação nacional, a Revista do Esporte e A Gazeta Esportiva enquadravam-se em uma gíria da época: “já era!”  
 A primeira chegava aos finalmentes mais parecendo revista de cidade interiorana, a milhares de quilômetros de distância das suas melhores edições, enquanto a segunda já estava esquecida. Placar apostou no clima pré-Copa do Mundo, embora o escrete nacional ainda não tivesse a confiança do torcedor. Assim, conseguir anúncios para um produto novo seria jogo duro, principalmente se os jogadores canarinhos sofriam até em jogo-treino contra o Bangu, time nada recomendável no futebol carioca da época.
 Se à porta da Copa, que teria o Brasil entrando no dia 3 de junho, o escrete nacional ficava no 1 x 1, com o timeco banguense, empatando aos 26 minutos do segundo tempo (após perder no primeiro), com gol contra de zagueiro, o que um  vendedor de anúncios teria de fazer para convencer um cliente? Evidentemente, ninguém queria associar a imagem do seu produto a uma equipe que não entrasse para vencer. E olhe que o time que tropeçou diante dos “Mulatinhos Rosados de Moça Bonita”, no Estádio Proletário, em Bangu, alinhava o que de melhor havia pelos nossos gramados –  Ado-Cor; Carlos Alberto Torres-San (Zé Maria-Cor), Brito-Fla, Joel Carmargo-San e Marco Antônio Flu; Clodoaldo-San (Zé Carlos-Cruz, Dirceu Lopes-Cruz (Edu-San) e Rivellino-Cor; Jairzinho-Bota, Pelé-San e Paulo César-Bota.    
  Placar não conseguiu mais do que seis anúncios para dar o pontapé inicial de sua história, seis dias após o papelão do Rei Pelé & Cia no campo do Bangu. Mas os tempos publicitários eram outros. Bem distantes daqueles em que as revistas eram quase que totalmente em preto e branco. Mesmo com poucos anunciante botando fé na rapaziada que iria ao Mundial, a revista da Editora Abril  provocou impacto logo à sexta página  divulgando cinco modelos da Bicicleta Monark por uma montagem colorida em que o produtor da peça colocou no gramado de um estádio uma garota vestida com a camisa da Seleção, empunhando, diante da torcida, uma bandeira onde se lia ‘Olé 70’, o grande chamativo do momento.
Pouco adiante, à página 11, era a agência de viagens Exprinter, de olho no transporte do torcedor brasileiro para o México, que gastava uma página vendendo a imagem de que ela seria a camisa 12 na busca pelo tri. Virada mais uma folha, quem entrava em campo era a cueca Zorba, garantindo “elasticidade”, como todo torcedor gostaria de ver no futebol da Seleção Brasileira. Para ele, a bola canarinha deveria, sempre, exceder, como o óleo Shell Super, que a propaganda às páginas 23 e 24 dizia que “excede”. Pelo menos, uma montagem com Pelé pedalando a jogada conhecida por “bicicleta”, por várias pernas, excedia naquela peça publicitária bem moderna para o começo de década-1970.
 Para fechar a sua primeira edição, Placar negociou anúncio de página inteira, mas em preto e banco, com a vendedora de roupas Ducal, e para a Souza Cruz divulgar dois formatos de embalagens do cigarro Continental, “preferência nacional”, acrescentando no envoltório desse último um sujeito correndo pela praia, atrás de uma garota de biquíni, o que nada tinha a ver com nada. A não ser o biquíni poder fazer o leitor demorar-se mais no recado.
  O empate Seleção Brasileira 1 x 1 Bangu derrubou a vendagem de anúncios para o Nº 2 de Placar, mesmo com a moçadas goleando o Chile, por 5 x 0, no dia 22 de março, 48 horas após o lançamento da primeira edição. Apenas três anunciantes compareceram às páginas – Conhaque Dreher e os repetentes Ducal e Cigarro Continental – jogo duro!

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