Com o jornal Lance – lançado em 1997 – consolidado no mercado, Walter de Mattos Júnior, que trabalhara para o jornal carioca "O Dia" e com mais quatro sócios , partiu
para uma revista semanal titulada por Lance A +. Feita em papel de boa
qualidade, o número inicial, com Pelé na capa, chegou como uma boa contribuição
ao setor, embora privilegiando o futebol. Mas era só a largada. Depois, um
vendaval de outras modalidades tomaria conta da semanária, totalmente colorida.
Para a
edição estreante, valendo para o período 2 a 8 de setembro de 2000, com 68 páginas,
apareceram dois anúncios de tênis (calçados), em duas folhas – chuteira Mizuno
e Nike, segundo a qual o modelos Air Torneo “provoca em viciados em futsal uma
estranha sensação de euforia e autoconfiança” e seis de só uma – site Yahoo Esportes, “tudo sobre todos os
esportes, por mais esquisitos que eles sejam”; Net, oferecendo na TV do
torcedor as transmissões dos jogos Copa João Havelange, o Brasileirão-2000; Topper,
com um novo modelo de chuteira no mercado, a Shadow, vendida como capaz de
aumentar a potência no chute; Federação Paulista de Futebol, promovendo o
Paulistão-2000; Pelé. Net, “o maior portal de futebol de todos os tempos”, e
Volkswagen dizendo que o Gol Turbo só precisava de dois meses para ultrapassar
todos os outros.
TASBELINHA - Das
seis peças publicitárias inseridas na edição estreante, a do site Pelé.Net pode ter sido uma cortesia da
casa, tendo em vista que, além de colaborar com a produção da capa, onde
aparece como se fora um adolescente, usando óculos escuros, com bolas ao centro
de cada lente, e ainda fazendo propaganda do Lance, por um boné simulando a
“maricota” – apelido radiofônico da pelota na década-1960 –, o “Rei do Futebol”
concedeu entrevista ao colunista Juca Kfouri, publicada por 12 páginas, das
quais sete de texto e o restando de fotos clicadas por Paulo Marcos.
O mesmo pode ser dito da venda dos jogos do Brasileiro pela Net, tendo em vista que esta era hospedeira do site Lancenet.
O mesmo pode ser dito da venda dos jogos do Brasileiro pela Net, tendo em vista que esta era hospedeira do site Lancenet.
DA CASA - Para
competir forte no mercado, impressionar anunciantes, Lance usou um anúncio
próprio, avisando que, “em matéria de esporte a gente não perde pra ninguém”. E
que cobria o maior número de modalidades; reunia os melhores jornalistas e
colunistas; oferecia informações detalhadas e a melhor cobertura dos
campeonatos estaduais de futebol do Rio de Janeiro, de São Paulo e o
Brasileirão. Mensagem voltada para o jornal diário, mas que terminou valendo,
pela matemática propriedade transitiva, digamos, para a revista que
chegava e como, realmente, aconteceu.
A moderna diagramação trouxe um visual bem
agradável, com muitas imagens e avisando que mostraria fotos “sensacionais”, diferentes,
surpreendentes, como já havia feito, há mais de quarenta anos, a Manchete
Esportiva, de quem herdou, também, o bom gosto de publicar fotos de belas
mulheres, embora não se possa dizer que a copiou, porque isso era uma
tendência inevitável de numa época em que as garotas esportivas explodiam saúde
e beleza, com estampas esculpidas em academias.
Bem apresentada, a Lance A +, no entanto, não
vendeu mais do que cinco anúncios para as primeiras edições. Repetiu Pelé. Net, Volkswagen
e Federação Paulista de Futebol – na terceira, por uma peça muito sexy – e acrescentou Telesp Celular. E usou uma página dupla para dizer que o Lancenet era “o
maior portal vertical da webe e o líder em esportes, segundo o IVC –Instituto Veiculador
de Comerciais”.
AMPLIOU - Inicialmente, no tamanho 15 x 10cm, Lance A + ofereceu
espaço maior ao anunciante, tempos
depois. Mas ainda vendia poucos anúncios. Quando estava, por exemplo, pelo número 100 – de 28 de julho a 3 de
agosto de 2002 – já media 17,3 x 10,3cm. Mas, incrivelmente, a edição “centenial”
só mostrou três – Peças Hamp, para moto, distribuídas pela Moto Honda
da Amazônia; site do jornal Estado de São Paulo (estadão.com.br) e produtos
Olympikus, com o campeão Giba jogando como garoto propaganda. Era uma síndrome
do que ocorria com as revistas antigas sustentadas pelos carros-chefes de suas
empresas, casos de O Globo Sportivo, Manchete Esportiva e Revista do Esporte,
sem esquecer que a Esporte Ilustrada também era do time de poucas vendas de anúncios.
Assim como o primeiro
perdera a oportunidade de vender negociar com os comerciantes portugueses,
apaixonados pelo Club de Regatas Vasco da Gama, quando este ganhava quase tudo,
com o Expresso da Vitória”, entre 1945 e 1952, a revista de Walter Mattos Júnior
fez o mesmo na época do seu 100º número, que era para ser celebrativo. O ponto
alto da edição foi uma brincadeira sexy, bem humorada e estrelada pelo
personagem MaryFuty, uma “Maria Chuteira” que ganhava vida pelo texto de Fernanda
Factori, com desenhos de Mário Alberto. Não ligou para isso. Embora também não
ligasse muito para a publicidade, a Sport Ilustrado vendia anúncios dentro de
fotos.
MARCHA LENTA - Os números 201 e 300, igualmente, continuaram
devagar, publicitariamente. O primeiro trouxe duas mensagens – página dupla
para a Brahma e simples para as loterias da Caixa Econômica – e o outro contou
com o prestígio apenas do Jornal do Comércio, o que poderia ter sido uma permuta,
algo muito comum e bastante praticado pela Manchete Esportiva e a Revista do
Esporte – esta trocava gentilezas até pelas jornadas de turfe da Rádio Federal
do Rio de Janeiro (nas vozes de Oscar Varêda Bolonha e Humberto Santos).
Prova segura de que Lance A + comportava-se publicitariamente
como “filhinho do papai jornal” era uma volta no tempo. Com quase um ano de
vida – número 30, de 25 a 31 de março de 2001 –, o quadro ainda não havia evoluído
em relação às primeiras visitas às bancas de revistas. Por ali, fechava-se uma
edição com dois anúncios – Relógios Condor e RedSex, novo canal do www.ig.com.br.
Assim, fosse pelos números 10 – só Volkswgen
anunciando; 53 – Revista Trip; site Morango; Jornal da Tarde-SP; Consórcio
Renault (automóveis) e Caixa Econômica Federal – ou pelo 80 – MTV (televisivo)
–, Lance A + não jogou m bolão no campo publicitário. Por isso, não foi além da
sétima temporada, quando, em 2007, vendia espaço apenas para a Caixa Econômica
Federal na última página do número 347. E era a única semanária esportiva do país com circulação nacional.
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